quarta-feira, 8 de agosto de 2012

The Pretty Reckless em São Paulo

Sábado, 04 de agosto de 2012, e o quarteirão ocupado pela casa HSBC Brasil está tomado por adolescentes desde o início da tarde. Não é nada incomum, já que o local é conhecido por abrigar shows de bandas pop aclamadas por essa faixa etária, mas nessa noite o figurino das garotas chama a atenção: shorts curtíssimos, meias 7/8, peças de lingerie à mostra e camisetas, a maioria delas com uma garota loira estampada.

A loira em questão é Taylor Momsen, frontwoman e rosto do The Pretty Reckless, que se apresentará naquela noite. Cerca de dois anos mais velha do que a maioria de suas fãs, Taylor alcançou fama como atriz. Seus papéis de maior destaque foram Cindy em O Grinch e Jenny Humphrey em Gossip Girl, mas sua paixão pela música falou mais alto e ela trocou os sets de filmagem pelos palcos. O primeiro disco do TPR, com letras escritas pela própria vocalista, foi lançado em 2010 e batizado de Light Me Up. Além de Taylor nos vocais, o The Pretty Reckless conta com Ben Phillips na guitarra, Mark Damon no baixo e Jamie Perkins na bateria.

Quando a casa é finalmente aberta (perto das oito da noite), os fãs se amontoam na casa lotada. Na pista o calor é tanto que não é raro ver garotas usando apenas sutiã e com altíssimas expectativas para o show. Pouco depois das 22hs, Taylor adentra o palco com um de seus figurinos clássicos: microshort preto de vinil, minissaia, uma camiseta grande e cortada, meias arrastão 7/8 com cinta-liga e seus costumeiros saltos altos, detonando com uma faixa do novo EP: Hit Me Like a Man, lema estampado em várias camisetas do público e fazendo todo mundo cantar junto. A música seguinte, Since You're Gone, é um hino de superação a um ex-namorado canalha - "If I say I love you I am a liar, since you been gone my life is moving on quite nicely, actually" - e uma das preferidas pelas garotas presentes, por motivos óbvios.

A presença de palco de Taylor é marcante, principalmente se comparada a shows antigos, onde ela praticamente não se mexia no palco. Agora ela dança, rebola, provoca e levanta a saia, mostrando seu microshort e levando a plateia ao delírio. Apesar das comparações a Avril Lavigne (às vezes, Momsen é tida como a nova musa da rebeldia adolescente, título dado à canadense há alguns anos), a influência mais notável é da ex-Runaway Cherie Currie, que chocou os pais conservadores dos anos 70 ao usar lingerie no palco aos 16 anos.

O fato de seus fãs serem adolescentes faz com que sua credibilidade seja baixa e surjam preconceitos, mas a verdade é que o som do The Pretty Reckless é muito mais influenciado por Courtney Love, Runaways e até mesmo bandas grunge como Soundgarden do que por suas contemporâneas Hayley Williams e Avril Lavigne. Inclusive, Momsen mostra suas raízes ao fazer duas versões do bom e velho rock n' roll (mas que também são conhecidas por seu público): Like a Stone, do Audioslave, e Seven Nation Army, dos White Stripes.

Todos os singles estão presentes: Make Me Wanna Die, My Medicine (no qual Taylor pega uma guitarra e toca uns poucos acordes), Miss Nothing e Just Tonight. Mas o momento mais esperado é Goin' Down, a sexta música, onde ela geralmente escolhe uma garota da plateia para dançar de sutiã com ela no palco e mostra seus próprios seios, cobertos por um "X" de fita isolante preta - mas, contrariando todas as expectativas, isso não acontece. Primeira decepção dos fãs, já que isso simboliza um grito de rebeldia e energia adolescente.

O melhor momento é, com certeza, Cold Blooded. Melodiosa, envolvente e lembrando hinos de rock feminino do passado, é a melhor performance de Taylor. Aliás, é algo que não se pode deixar de comentar: todas as músicas são tocadas de forma impecável, demonstrando talento e competência por parte dos músicos.

Ah, sim! Ela é linda. Loira, alta e magra, mas dona de um carisma e de uma doçura que são perceptíveis à distância. E Momsen sabe disso, já que procura explorar sua sensualidade ao máximo enquanto está no palco, mas privando os fãs paulistanos de sua habitual ousadia. Improvisa movimentos dignos de boates de striptease em vários momentos, mas nada além disso.

Pouco mais de uma hora após o início do show, ela apresenta Factory Girl e diz ser a última música. Claro que os fãs não acreditam: as luzes se apagam, o palco é coberto por fumaça e a banda retorna com uma bela versão meio acústica/meio elétrica de Nothing Left to Lose cantada com as vísceras pelo público. Sem dúvida um momento lindíssimo. Após os agradecimentos (curtíssimos), ela se despede de São Paulo, deixando muitos fãs frustrados por serem privados de parte do verdadeiro espetáculo que Taylor Momsen pode dar e da falta de músicas famosas como Light Me Up e You no setlist.

Muitíssimo bem executado, mas um pouco mecânico, especialmente nas interações de Taylor com o público. Para quem esperou nove meses com ingresso na mão, isso é no mínimo decepcionante.

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