domingo, 25 de novembro de 2012

My Chemical Romance - The Black Parade

Esqueça essa história de preconceito com o emocore, aquele movimento muito famoso da década passada, amado e odiado na mesma proporção.

Um dos principais expoentes do estilo, o My Chemical Romance, lançou seu primeiro álbum em 2002, I Brought You My Bullets, You Brought Me Your Love, mas foi em 2006 que a banda lançou seu trabalho mais ambicioso, The Black Parade.

O disco é todo trabalhado em um conceito. Tem sua temática baseada em um paciente que, passando por uma quimioterapia, está à beira da morte.

Trazendo influências diferentes dos álbuns anteriores, esse disco apresenta em dados momentos uma pegada de hard rock, como em House of Wolves, uma das melhores do álbum. É óbvio que um bom disco é feito de boas músicas, mas uma boa sequência no começo também é fundamental. The End e Dead, que estão na mesma faixa, já dão a exata impressão e a sensação de que o disco será matador do início ao fim. E de fato, é.

Na sequência, This Is How I Disappear mistura as novas influências com as antigas. Ao mesmo passo que apresenta riffs poderosos, traz também a angústia sempre presente no som da banda. Aliás, esse sentimento ainda é fundamental para a composição e o entendimento do álbum. A emotiva The Sharpest Lives vem em seguida e é outro dos grandes destaques do álbum. Poderia até ter sido single se a banda assim quisesse

Welcome to the Black Parade, que dá nome ao disco, surge inevitavelmente como a melhor e mais trabalhada faixa do álbum. Aqui, a impressão é de que o My Chemical Romance tentou fazer alguma coisa parecida com o Queen. Evidentemente falharam, mas quem disse que é fácil? Em todo caso, há de se reconhecer o esforço da banda, sobretudo do guitarrista Ray Toro e do baterista Bob Bryar, que notadamente são os grandes responsáveis pela qualidade e porque não dizer, pela beleza da faixa.

Apesar da ideia, e boa ideia, diga-se de passagem, de fazer um disco com uma relação entre todas as faixas, todo álbum precisa de músicas mais comerciais para alavancar suas vendas. I Don't Love You estava ali justamente para isso, além de diminuir, pelo menos por hora, o ritmo do álbum e dar uma espécie de fôlego para quem está ouvido, embora sua letra esteja mais para tirar o fôlego do que para dar.

Mas nem só no culto à morte é baseado The Black Parade. Teenagers é a prova disso. Divertida do início ao fim, é uma das faixas que tem aquela pegada de hard rock citada no início, principalmente em seu solo. Mais uma vez, destaque para Ray Toro.

Famous Last Words fecha o disco de forma épica. Ou semi. Na história, traz a aceitação do paciente em relação à morte. Seus sentimentos apontam na direção de que ele finalmente pode morrer em paz e deixar o mundo seguir seu curso natural.

Sobre a obra de modo geral, há de se dizer que indiscutivelmente The Black Parade é uma ópera rock. Se você comparar com as clássicas de Pink Floyd, Queen e The Who, não há nem como estabelecer comparação, partindo do simples fato de que estes eram mestres na arte de produzir discos conceituais. 

No entanto, pode-se dizer que The Black Parade é o Mellon Collie and the Infinite Sadness (Smashing Pumpkins, 1995) dessa geração, só que com pouco menos da metade das faixas e sem a genialidade de Billy Corgan.

Desse modo, esqueça essa história de preconceito com o emocore. Dê uma chance aos irmãos Way, ao excelente guitarrista Ray Toro e ao esforçado Frank Iero. Pelo menos por esse disco, eles merecem.

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