domingo, 20 de maio de 2012

Dance Para o Rádio (Entrevistas) - Antônio Altvater

Essa semana saiu o novo disco do meu amigo de longa data Antônio Altvater, com quem eu inclusive já tive o prazer de dividir o palco num cover de Psycho Killer do Talking Heads nos tempos em que eu ainda fazia música ao invés de escrever sobre ela.

O novo disco de Antônio é lançado sob o título de Medo da Cidade, que traz uma mistura de folk, rock, bossa nova e até reggae.

E aproveitando o embalo, resolvi trocar uma ideia com ele pra saber, dentre outras coisas, como foi o processo até que o disco estivesse finalizado. 

Confere aí:


DPR: Antônio, a gente sabe que ser um artista de folk no Brasil já não é tarefa das mais fáceis. Fazer isso numa região do país onde o sertanejo domina é mais difícil ainda. Como você lida com isso?
Antônio: Quando mergulhei de vez na ideia do folk, em 2009, era tudo mais complicado ainda. Não tinha público próprio e muito menos bares na região dispostos a encarar esse tipo de som. Depois de encarar uma série de festivais de Rock na região, o cenário começou a mudar um pouco. Hoje posso dizer que tenho público para o tipo de som que faço, inclusive para o material autoral, o que considero mais importante.

DPR: Sobre Medo da Cidade. Como foi o processo de composição e gravação desse novo disco? Você misturou composições novas e mais antigas?
Antônio: Medo da Cidade foi resultado de um processo de três semanas, entre gravações e composições. Dei uma olhada no acervo dos dois discos anteriores (Sessão Sonora I e II), e no disco da banda que fazia parte, a Plues. Depois de selecionar cinco músicas desse repertório, comecei a pegar fragmentos e esboços de músicas que estavam engavetados há algum tempo. Na última semana peguei todo o material e comecei a gravar. Foi um processo intenso, mas acabou gerando boas ideias.

DPR: Bússola das Horas e Pássaro Negro são algumas das faixas com os arranjos mais bem trabalhados nesse disco. Você arquitetou tudo sozinho ou contou com ajuda externa?
Antônio: Em Bússola das Horas e Pássaro Negro, a ideia inicial de arranjos veio de uma vez só. Sendo que Pássaro Negro foi uma das últimas a serem fechadas com arranjo e letra, já que na madrugada do dia anterior ao lançamento, ainda estava rascunhando a letra dela.

DPR: Voltando a falar de folk, fica nítido no seu visual e na sua forma de tocar que você é um artista do estilo, mas por outro lado, você consegue colocar outros estilos dentro do seu novo disco, como reggae e bossa nova. De onde vêm essas influências?
Antônio: Sim, a idéia desse novo disco foi justamente dar uma quebrada na imagem de "folk tradicional" que as pessoas têm do meu som. Caras consagrados que são referência pra mim no estilo, como Neil Young, Bob Dylan, vivem transitando em suas respectivas discografias, por vários vertentes musicais. Acho válido esse tipo de experiência, mesmo porque considero o folk mais uma maneira de se contar histórias através da música, do que uma única estética musical. Vale destacar que nessas duas músicas eu contei com participações de amigos, Bossa Nova Blues tem solos de violão do meu primo e amigo Dorfo Altvater, e em Love or Civil War, que é um reggae, conta com a participação de André Maciel, vulgo Bob, nas linhas de contrabaixo.

DPR: Você faz pelo menos duas referências aos Beatles nesse seu novo disco. Qual é a sua relação com eles e o que eles representam na sua vida?
Antônio: Considero o som do quarteto de Liverpool como uma parte importante da minha formação como músico. Comecei a escutar o som dos Beatles aos 18, em 2006, e a partir dai minha ideia sobre como se fazer música mudou bastante. O sentimento dentro da sonoridade se tornou muito mais importante do que técnica ou outros fatores.

DPR: Só pra quem ainda não sabe; você é formado em História. E tendo isso em mente, você pretende conciliar trabalho e música ou vai chegar uma hora em que você vai se dedicar somente a música?
Antônio: Então, no momento eu estou concluindo meu curso de História ainda. Mas a ideia, por hora é encarar a música como profissão. Aproveitar que ainda estou novo, e tenho energia pra gastar com os perrengues que a vida de músico proporciona.

DPR: Todos nós sabemos que todo músico tem a sua menina-dos-olhos. Desse novo disco, qual é a sua música favorita, e por quê?
Antônio: Acho que a menina dos meus olhos nesse disco é Bússola das horas. Apesar dela já estar no Sessão Sonora II. Dessa vez consegui colocar um arranjo que me agradou muito mais, além de ter uma letra bem biográfica.

DPR: Só pra finalizar – Você já tem músicas novas pra um eventual próximo disco? Se sim, pretende lança-las aos poucos ou todas só quando tiver um álbum fechado?
Antônio: Tenho bastante material instrumental gravado. A ideia é fechar outro disco de autorais, talvez menor, e lançar em Outubro. Mas vamos ver como as coisas vão estar até lá.

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