Essa semana saiu o novo disco do meu amigo de longa data Antônio Altvater, com quem eu inclusive já tive o prazer de dividir o palco num cover de Psycho Killer do Talking Heads nos tempos em que eu ainda fazia música ao invés de escrever sobre ela.
O novo disco de Antônio é lançado sob o título de Medo da Cidade, que traz uma mistura de folk, rock, bossa nova e até reggae.
E aproveitando o embalo, resolvi trocar uma ideia com ele pra saber, dentre outras coisas, como foi o processo até que o disco estivesse finalizado.
Confere aí:
DPR: Antônio, a gente sabe que ser um artista de folk no
Brasil já não é tarefa das mais fáceis. Fazer isso numa região do país onde o
sertanejo domina é mais difícil ainda. Como você lida com isso?
Antônio: Quando mergulhei de vez na ideia do folk, em 2009,
era tudo mais complicado ainda. Não tinha público próprio e muito menos bares
na região dispostos a encarar esse tipo de som. Depois de encarar uma série de
festivais de Rock na região, o cenário começou a mudar um pouco. Hoje posso
dizer que tenho público para o tipo de som que faço, inclusive para o material
autoral, o que considero mais importante.
DPR: Sobre Medo da Cidade. Como foi o processo de
composição e gravação desse novo disco? Você misturou composições novas e mais
antigas?
Antônio: Medo da Cidade foi resultado de um processo de três
semanas, entre gravações e composições. Dei uma olhada no acervo dos dois
discos anteriores (Sessão Sonora I e II), e no disco da banda que fazia parte,
a Plues. Depois de selecionar cinco músicas desse repertório, comecei a pegar
fragmentos e esboços de músicas que estavam engavetados há algum tempo. Na
última semana peguei todo o material e comecei a gravar. Foi um processo
intenso, mas acabou gerando boas ideias.
DPR: Bússola das Horas e Pássaro Negro são algumas das
faixas com os arranjos mais bem trabalhados nesse disco. Você arquitetou tudo
sozinho ou contou com ajuda externa?
Antônio: Em Bússola das Horas e Pássaro Negro, a ideia
inicial de arranjos veio de uma vez só. Sendo que Pássaro Negro foi uma das últimas
a serem fechadas com arranjo e letra, já que na madrugada do dia anterior ao
lançamento, ainda estava rascunhando a letra dela.
DPR: Voltando a falar de folk, fica nítido no seu visual
e na sua forma de tocar que você é um artista do estilo, mas por outro lado,
você consegue colocar outros estilos dentro do seu novo disco, como reggae e
bossa nova. De onde vêm essas influências?
Antônio: Sim, a idéia desse novo disco foi justamente dar
uma quebrada na imagem de "folk tradicional" que as pessoas têm do
meu som. Caras consagrados que são referência pra mim no estilo, como Neil
Young, Bob Dylan, vivem transitando em suas respectivas discografias, por
vários vertentes musicais. Acho válido esse tipo de experiência, mesmo porque
considero o folk mais uma maneira de se contar histórias através da música, do
que uma única estética musical. Vale destacar que nessas duas músicas eu contei
com participações de amigos, Bossa Nova Blues tem solos de violão do meu primo
e amigo Dorfo Altvater, e em Love or Civil War, que é um reggae, conta com a
participação de André Maciel, vulgo Bob, nas linhas de contrabaixo.
DPR: Você faz pelo menos duas referências aos Beatles
nesse seu novo disco. Qual é a sua relação com eles e o que eles representam na
sua vida?
Antônio: Considero o som do quarteto de Liverpool como
uma parte importante da minha formação como músico. Comecei a escutar o som dos
Beatles aos 18, em 2006, e a partir dai minha ideia sobre como se fazer música
mudou bastante. O sentimento dentro da sonoridade se tornou muito mais
importante do que técnica ou outros fatores.
DPR: Só pra quem ainda não sabe; você é formado em
História. E tendo isso em mente, você pretende conciliar trabalho e música ou
vai chegar uma hora em que você vai se dedicar somente a música?
Antônio: Então, no momento eu estou concluindo meu curso
de História ainda. Mas a ideia, por hora é encarar a música como profissão.
Aproveitar que ainda estou novo, e tenho energia pra gastar com os perrengues
que a vida de músico proporciona.
DPR: Todos nós sabemos que todo músico tem a sua
menina-dos-olhos. Desse novo disco, qual é a sua música favorita, e por quê?
Antônio: Acho que a menina dos meus olhos nesse disco é
Bússola das horas. Apesar dela já estar no Sessão Sonora II. Dessa vez consegui
colocar um arranjo que me agradou muito mais, além de ter uma letra bem
biográfica.
DPR: Só pra finalizar – Você já tem músicas novas pra um
eventual próximo disco? Se sim, pretende lança-las aos poucos ou todas só
quando tiver um álbum fechado?
Antônio: Tenho bastante material instrumental gravado. A
ideia é fechar outro disco de autorais, talvez menor, e lançar em Outubro. Mas
vamos ver como as coisas vão estar até lá.
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