quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Beeshop - The Rise and Fall of Beeshop

Se você não é famoso e tem distúrbios bipolares, sofre com dupla personalidade, te tratam como louco. Se você é artista, chamam isso de alter-ego. David Bowie, Lady GaGa, Beyonce dentre outros artistas já se passaram por aí como outras pessoas.

Lucas Silveira, vocalista da Fresno também tem seu alter-ego, a quem ele deu o nome de Beeshop; e lançou até um disco ano passado, todo em inglês. 

Ainda que ele tenha tentado fazer algo diferente, algumas comparações com a sua banda, por mais que se contorne aqui, tente ter uma interpretação diferenciada ali, são inevitáveis.

No que se refere às letras, todas, ou quase todas são baseadas sobre um "eu e você", dentre outras obviedades. Mas há de se destacar que em alguns pontos do disco Lucas alcança notas tão altas que nos faz pensar estar ouvindo algo do Bon Jovi ou algo parecido, embora, não no disco todo, mas em pontos isolados, o inglês ainda é sofrível.

Feitas todas estas observações, é justo que se faça uma análise mais aprofundada sobre letras e musicalidade de cada faixa, não exatamente na ordem do disco.

Pois bem, o disco é aberto com How Are You Now?, que é saborosamente pop e deixa no ouvinte aquele sentido de que a faixa podia ser mais longa, tendo em vista que ela tem menos de dois minutos de duração.

Come and Go, I'm Sorry e Mr. Confusion tem uma mesma linha. Lembram algumas faixas de Redenção (2008) e Revanche (2010), mas com algumas diferenças, a levada na bateria e no baixo é quase a mesma, quando a música tem estes adereços; a guitarra, quando tem, perde em peso ou é substituída por um violão palhetado.

Ainda no campo das comparações com a Fresno, temos Victoria Indie Queen e Napkin Song. Na primeira, a letra beira o estúpido; musicalmente, é aquela história, a pegada é a mesma, o peso é retirado. Na segunda, faz lembrar a banda de Lucas pois abusa de sintetizadores. Se a letra fosse em português teria lugar certo em Redenção ou seria uma das baladinhas de Revanche. E que diga-se de passagem que as partes que Lucas gravou que teoricamente seriam os backing vocals parecem que foram escritas para Tavares (baixista da Fresno) cantar.  


Rockstars and Cigarettes é relaxante, muito boa de se ouvir. Uma levada country, folk, entrelaçada com os vocais suaves de Lucas, na teoria poderia até não fazer muito sentido, mas soa bem. Os violinos dão o suporte que a música precisa.

O piano é um instrumento fundamental em The Rise and Fall of Beeshop, e usado de diferentes formas. Em All I Need, o som de um piano solene carrega toda a música, que tem ares de fim de disco. Já Go On, se dissessem que tem ligação com Quando Crescer (Revanche, 2010), é de se acreditar. Quase dá pra se fazer um mash-up e juntar as duas faixas.

O único momento descartável no disco é Cookies, que é uma tentativa frustrada de se fazer uma música bobinha, engraçadinha, naquele violão chato com uma pegada de Bruno Mars. Totalmente desnecessária.

Mas em contrapartida, o disco tem pontos altos. Aliás, altos não. Altíssimos, e o primeiro deles é Lovers are in Trouble. Traz consigo uma pegada de blues com aquele matador piano de cabaré. Soa absurdamente sessentista, com instrumentos de sopro bem pensados e estrategicamente bem colocados. O refrão com coral ao fundo é espetacular, fora a ponte de metais no meio da música, sensacional.

O segundo é Driving All Night Long. Tudo bem que não foram eles que inventaram esse tipo de som, mas não dá pra se convencer de que Lucas não bebeu na fonte de Pretty Odd (2008) do Panic! At The Disco. No mais, Lucas quis repetir a ideia de Lovers are in Trouble e para sua sorte, funcionou. Como se não bastasse, a música ainda termina grandiosa. Encaixar-se-ia perfeitamente num daqueles grandes musicais americanos. Há até de se arriscar o devaneio de dizer que é a melhor faixa do disco.


Seja na Fresno ou seja como Beeshop, Lucas sempre tentou imprimir algumas coisas de indie, synthpop e coisas do gênero em seu som. Com I Was Born In The 80's que fecha o disco, não é diferente. Mas nota-se que aqui temos um resquício de plágio. Sim, plágio. O sintetizador no início da faixa é rigorosamente igual ao de Smile Like You Mean It, de Hot Fuss (2004), trabalho de estreia do The Killers, mas depois varia. No mais, é uma boa faixa, tem um refrão implacável e versos de fácil assimilação. Grande potencial pra hit.

Visto isso, ainda pode se torcer o nariz para a Fresno, pelo seu passado emo e tal, mas depois da primeira vez que se ouve The Rise and Fall of Beeshop, há de se dar crédito e principalmente, respeitar Lucas Silveira, que tem se mostrado um grande artista, e bastante versátil também, uma vez que este ano, Lucas está tocando um projeto de música eletrônica, chamado SIRsir e que vale a pena dar uma olhada também.

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