quinta-feira, 8 de março de 2012

The Smashing Pumpkins - Mellon Collie and the Infinite Sadness

Depois de aproveitar a cena grunge para se promover com seu disco de estreia, Gish (1991) e obter resultados mais satisfatórios com Siamese Dream (1993), o Smashing Pumpkins partia para o seu trabalho mais ambicioso, o disco duplo Mellon Collie and the Infinite Sadness.

Pouco antes do lançamento do álbum, o vocalista Billy Corgan chegou a definir o disco como o "The Wall da Geração X", em comparação com o conceitual álbum do Pink Floyd.

Para se ter uma ideia, a banda chegou a trabalhar 60 músicas em estúdio, das quais foram selecionadas 32 e depois 28, número final de faixas de Mellon Collie.

Logo na faixa de introdução, já se percebe uma evolução de anos luz na sonoridade dos Pumpkins. Mellon Collie and the Infinite Sadness é uma belíssima interlude, toda dominada por um piano parcimanioso, mas que também conta com arranjos bem trabalhados nas cordas de cellos e violinos.

Mas deve-se admitir, Mellon Collie é só uma amostra da faixa que viria adiante, a belíssima Tonight, Tonight. A ideia de composição vem da mesma verve da intro, a que procura trazer arranjos complexos e intimistas, acompanhados de uma bateria que carrega o refrão em ritmo quase militar – à toque de caixa.

Mas não muito depois, o Smashing Pumpkins volta a investir em distorções pesadas e riffs agressivos, como nas faixas posteriores a Tonight, Tonight, que são Jellybelly e Zero. Inclusive, a última dando origem a icônica camiseta de Billy Corgan.

A julgar pelo número de faixas do álbum, pode até se dizer que o número de singles é baixo. Porém, não pode se negar que Mellon Collie and the Infinite Sadness foi sem dúvida o maior gerador de hits da carreira do Smashing Pumpkins. Prova disso é Bullet With Butterfly Wings, que até hoje tem seu refrão cantado em uníssono pelos fãs nos shows da banda.

Mas mesmo as que não foram tão trabalhadas pela banda depois do lançamento do álbum merecem seu devido destaque, tal como a harmoniosa Cupid de Locke, que nos remete à paisagens bucólicas e bons sentimentos ao ouvir esta faixa.

Como Mellon Collie and the Infinite Sadness é dividido em duas partes, ao invés de colocar I e II na frente do título de cada parte, a banda resolveu explorar o conceito de vida e morte aplicando ao título as partes do dia. 

A primeira se chama Dawn to Dusk, que numa tradução livre, representa a ideia de "amanhecer ao anoitecer". Já a segunda, se chama Twilight to Starlight, que também numa tradução livre, quer dizer algo como "do crepúsculo à luz das estrelas".

Na segunda parte, seria estupidez não dizer que o maior destaque do disco é sem dúvida a épica 1979. A faixa traz consigo um sentimento de passado, até mesmo de ter saudade daquilo que nunca se viu, daquilo que nunca se viveu.

Thirthy-Three também deixa clara a evolução e a pretensão dos Pumpkins em fazer um disco épico. Mas nem por isso, a segunda parte deixa de ter seus momentos de peso, que fazem lembrar até mesmo as faixas mais sujas de Gish (1991). Exemplo disso é Bodies, que apresenta guitarras distorcidas e uma bateria bem trabalhada.

Aliás, o trabalho de James Iha em Mellon Collie and the Infinite Sadness merece destaque, claro, mas sabemos que a cabeça pensante do grupo, seja nos acordes mais trabalhados como os de 1979 ou do riff poderoso de Jellybelly, partem sempre de Billy Corgan.

A cozinha da banda, feita por D'arcy Wretzky e Jimmy Chamberlin também é algo a se admirar. Sobretudo pelo trabalho realizado pelo baterista. Chamberlin consegue mesclar pegadas de jazz em faixas mais calmas, mas também tem uma pegada heavy metal quando uma música pede.

Por muitas vezes, as pessoas dizem que um disco é conceitual, mas simplesmente pelo fato dele ser muito bom. Mellon Collie vai ainda mais longe. Primeiro por ser de fato um trabalho conceito, mas não só pela qualidade invejável de arranjos e a complexidade das letras, mas também por englobar ao longo de suas 28 faixas todo um ciclo de vida e morte.

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