Ao contrário do que muita gente pensa, o Bon Jovi só conseguiu se firmar como uma grande banda de rock depois do lançamento de Slippery When Wet, em 1986.
E se nos discos anteriores a banda conseguiu emplacar apenas alguns hits isolados, tais como Runaway (Bon Jovi, 1984) e In and Out of Love (7800 Fahrenheit , 1985), dessa vez parecia que a coisa ia ser um pouco diferente. E foi.
Let it Rock abre os trabalhos de Slippery When Wet mostrando que definitivamente o grupo de Jon Bon Jovi não estava ali pra brincadeira.
A introdução de pouco mais de um minuto tem uns teclados que mais parecem trilha sonora de filmes de ficção científica.
Quando a música começa de fato, justifica o nome. Uma peça fina e pura do hard rock farofa dos anos 80. E só a título de informação, há quem prefira chamar o estilo de glam metal.
Na sequência, dois hits que não seguraram apenas as vendas do disco na época, mas que também são presenças constantes nos shows do grupo até hoje. A primeira delas é You Give Love a Bad Name, que inclusive segue na mesma linha de Let it Rock.
Seria chover no molhado referir-se a uma letra do Bon Jovi e dizer que ela fala de amor. Mas You Give Love a Bad Name aborda esse tema de um jeito um pouco diferente do que os fãs da banda estão acostumados.
E logo em seguida, o maior hit da banda e um dos maiores do rock desde então: Livin' On a Prayer. Ao ouvir a música entende-se porque ela foi sucesso logo na largada. Mas por muito pouco, quase que não foi.
Jon Bon Jovi relutava, batia o pé e sabe se lá o motivo, mas não queria que a faixa entrasse em Slippery When Wet. Mas no fim, ela acabou entrando, depois da insistência do guitarrista Richie Sambora e depois de o mesmo apresentar mil argumentos e potencialidades da música em virar um grande hit. Resultado? Livin' On a Prayer se tornou o maior sucesso da carreira da banda.
E que Jon Bon Jovi e seus companheiros sempre foram meio metidos a cowboy, disso todo mundo sabe. Prova disso é Wanted Dead Or Alive, outro dos grandes hits de Slippery. Aqui, o disco sai um pouco de seu curso natural e toma uma direção mais country, numa coisa meio filme de faroeste e tal.
Na turnê promocional do disco, Jon Bon Jovi começou a ter problemas vocais, sobretudo pelas notas altas e constantes das faixas, como na power-ballad I'd Die For You. Aliás, sobre essa faixa há de se dar um devido destaque. Os vocais rasgados de Jon Bon Jovi são acompanhados por toda a música em seus mais de quatro minutos por uma guitarra implacável e matadora de Richie Sambora.
Mas aí você se pergunta: "Mas esse disco não tem as baladinhas que consagraram a banda?". Claro que tem! E Never Say Goodbye é a que melhor ilustra isso. Melosa do começo ao fim, ela é marcada pelas guitarras grudentas de Richie Sambora e os teclados sempre providenciais de David Bryan.
Fechando o disco de um modo rápido, Wild in the Streets soa como um electropop europeu, tal como Duran Duran e A-Ha. Aliás, talvez a explicação para a sonoridade dessa faixa seja o fato do electropop ser o estilo em voga na época e o Bon Jovi ter a pretensão de alçar vôos para fora da América do Norte.
No mais, o fato é que o sucesso de Slippery When Wet foi tão grande e estrondoso que o Bon Jovi só conseguiu repetir o feito com um álbum quatorze anos depois, com Crush (2000).
Não que a banda não tenha lançado bons discos nesse espaço de tempo. Aliás, muito pelo contrário, pois Keep the Faith (1992) e These Days (1995) nos provam isso.
Mas em todo caso, costumam dizer que a maioria das bandas de rock só acerta a mão em um álbum uma vez na vida. O Bon Jovi acertou duas.
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