sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

The Smashing Pumpkins - Zeitgeist

No longícuo ano de 2007, completavam-se exatos sete anos que nada era lançado sob o nome de Smashing Pumpkins

O último trabalho havia sido o consistente MACHINA/The Machines of God. Billy Corgan, frontman da banda, até havia tentado alçar um vôo solo, mas não atingiu os resultados esperados. Aliás, passou bem longe disso.

Em todo caso, admitamos, é preciso coragem para reativar um dos nomes de maior poder dos anos 90 para seguir em frente. Sobretudo se considerarmos que dois dos quatro membros originais haviam abandonado o barco, sendo James Iha e D'arcy Wretzky; isso sem contar Melissa Auf der Maur que assumiu as quatro cordas na turnê de MACHINA.

Dos tempos de glória de Siamese Dream (1993) e Mellon Collie and the Infinite Sadness (1995), além de Corgan, claro, só havia sobrado o baterista Jimmy Chamberlin, que com a sua mão pesada ajudou a banda nesse novo trabalho a não perder a identidade.

Inclusive, há de se deixar claro e de destacar-se o fato de que o álbum foi todo gravado apenas por Corgan e Chamberlin. Todas as guitarras, baixos, teclados, pianos e qualquer outro elemento apresentado no álbum. É quase como se Billy Corgan estivesse em seus dias de Trent Reznor.

Aliás, sonoramente, pode até se dizer que há, ao menos em uma pequena escala, uma certa dose de Nine Inch Nails neste trabalho. Em todo caso, a gente volta nesse assunto mais pra frente.

Zeitgeist, para quem não sabe, é um termo em alemão, que em tradução livre, representa algo como espírito de época ou sinal dos tempos. Pensando nisso, Doomsday Clock parece ter sido estrategicamente colocada como faixa de abertura. Sua letra fala sobre sinais e acontecimentos apocalípticos, mortos e coisas do gênero. Não à toa, leva o título de relógio do juízo final.

Com uma linha de bateria que torna fácil o reconhecimento de Chamberlin nos trabalhos e as guitarras agressivas de Corgan fazendo com que a faixa soe como uma espécie de pé-na-porta não deixam dúvida: Os Smashing Pumpkins estavam definitivamente de volta, ainda que pela metade.

Em seguida, 7 Shades of Black não deixa o ritmo cair. Aliás, é outro soco no peito de quem ouve. Aqui, o riff de guitarra desenhado por Billy Corgan, sobretudo a parte solada que acompanha os versos é a grande sacada.

That's the Way (My Love Is) é onde os Pumpkins tentam mostrar suas novas influências e propostas, buscando angariar novos admiradores. Ainda que a bateria seja tocada quase num ritmo militar e o baixo corra em paralelo à essa velocidade, os teclados ao fundo e a suavidade da voz de Corgan imposta nessa faixa equilibram as coisas.

Por sua vez, Tarantula é indiscutivelmente o grande som desse álbum. Pode até se dizer que é um dos momentos mais inspirados e iluminados de Billy Corgan ao longo de toda a sua carreira. Prova disso é o solo, que dividido, dá a impressão de haver uma espécie de duelo de guitarras. No caso, o duelo é entre Billy e ele mesmo.

Outros momentos no mínimo destacáveis, para não dizer brilhantes no que se refere aos trabalhos feitos por Billy Corgan com as guitarras neste álbum são Bring the Light e (Come On) Let's Go. Na primeira, é jogado na cara de quem ouve um solo poderoso e direto, com uma forte pegada de metal. Já na segunda, ocorre o mesmo que em That's the Way. Corgan e Chamberlin procuram apresentar o "novo" som que os Pumpkins tentarão, ou tentariam imprimir dali pra frente em seus trabalhos.

Mais ao fim do álbum, For God and Country aparece como uma grata surpresa em um momento onde já praticamente não se esperava mais nada. O destaque aqui é o teclado absolutamente oitentista que marca a faixa, além do baixo com um forte efeito, soando como alguma coisa do Nine Inch Nails, como foi citado anteriormente. Mas referente ao teclado e ao ritmo dela de modo geral, está mais para uma estranha e improvável mistura entre U2 e Joy Division.

Fechando o álbum, aparece Pomp and Circumstances, exatamente como o título sugere, sendo uma faixa grandiosa e cheia de firulas.

Cheia de arranjos de cordas e teclados por todos os lados, mostra que por mais que Corgan estivesse procurando por um novo público e estivesse com sede de mudança, em uma coisa ele ainda é o mesmo Billy Corgan que começou a se revelar em Siamese Dream, alguém com uma incurável mania de grandeza.

Não contente, no final da faixa ele presenteia os ouvintes com um belíssimo e épico solo de guitarra carregadíssimo de feeling.

Como obra, de modo mais abrangente, Zeitgeist pode até não convencer aquele fã mais antigo, que se emocionava com 1979 ou ia à loucura com Cherub Rock, mas na proposta, única e exclusivamente como disco de rock, convence e muito, ao contrário do que a crítica especializada pregou na época.

Zeitgeist é um disco antes de qualquer coisa, valente, pois veio logo na sequência de um momento complicado na carreira de seu criador. 

Alternando climas, emoções e sentimentos, há de se dizer que definitivamente, ele foi lançado no tempo certo e que ao contrário do que se podia imaginar, Corgan jamais perdeu a mão, seja como guitarrista ou como compositor.

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