segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Esteban - ¡Adiós, Esteban!

Desde a sua entrada na Fresno, Tavares havia sido, em partes, responsável pela evolução visual e musical da banda de 2006 até a sua saída, pouco após o lançamento do EP Cemitério das Boas Intenções (2011), onde percebe-se inclusive um amadurecimento musical gritante se comparado com Revanche (2010) e mais ainda com Redenção (2008).

Mas em todo caso, não estamos aqui pra falar da Fresno, mas sim do projeto (que não é mais projeto) ao qual Tavares agora dedica 100% do seu tempo, Esteban.

Logo nas primeiras duas ou três faixas, tem-se a impressão de que se o Keane fosse gaúcho, soaria como ¡Adiós, Esteban!

Mas por outro lado, seria uma injustiça limitar um disco de tanta qualidade à uma simples comparação com um grupo do qual Tavares sofre influência, tendo adicionado apenas uma gaita. Sanfona não. Gaita.

Boa parte dos sons já era bastante conhecido pelo público que o acompanha há tempos, até mesmo porque o próprio soltava as faixas na rede para, de certo modo, testar a aceitação do público, que diga-se de passagem, era sempre boa.

¡Adiós, Esteban! não é um disco difícil. Não pra quem gosta de boa música. Pra esses, a aceitação é fácil, sobretudo pra quem gosta da temática amorosa tratada de um ângulo diferente. Faixas como Canal 12 e Visita retratam bem isso. Só não precisava ter colocado a narração do gol do Gabirú, mas tudo bem. Dessa vez passa.

Mas nem tudo nesse disco é rock gaúcho, ou platino, como Tavares gosta de dizer. Muito Além do Sofá traz o Rio de Janeiro em cada nota do violão e em cada verso cantado de modo mais suavizado, além das vozes femininas, fazendo lembrar bastante uns sons do pop carioca de idos dos anos 90, tipo Fernanda Abreu. E sim, ela tem boas músicas e bons discos.

Sophia, que era uma das mais queridinhas dos fãs de Tavares ganha uma espécie de continuação em Tudo Pra Você. Aliás, duas continuações, ¡Adiós, Sophia! aparece como a redenção (com o perdão do trocadilho) do cara que sofre por alguém e no fim acaba encontrando alguém melhor.

Por fim, como não destacar a participação de Humberto Gessinger em Sinto Muito Blues? Em um dos momentos mais inspirados do disco, essas duas gerações do rock gaúcho se revezam na liderança da faixa, que na verdade é uma regravação da antiga banda de Tavares, a Abril.

Sobre o disco de modo geral, como já foi anteriormente dito, seria leviano limitar a comparação ao Keane. Sim, tem momentos que lembram, bastante, inclusive. Mas Tavares sabe como e onde buscar várias influências de diferentes lados e canalizar tudo isso em suas músicas, mostrando, aliás, que ele evoluiu e muito como compositor.

A verdade é que podemos estar diante do Paul Westerberg brasileiro. Ou argentino. Não. Melhor: Gaúcho.

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