sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Ecleticidade musical: Natural com o passar do tempo ou falta de personalidade?

Hoje eu estava vendo televisão quando num comercial de uma dessas coletâneas de quatro ou cinco discos de uma determinada época, tocou Un-Break My Heart da Toni Braxton, que é lá dos idos de 1996.

Estranhamente, ou nem tanto, me deu vontade de ouvir a música. Não que eu nunca tivesse ouvido, mas pelo menos não nos últimos cinco ou seis anos e com um ouvido mais musical. Baixei a música e ouvi umas duas vezes.

Então, comecei a pensar numa coisa que me disseram outro dia desses, que quando você toca um instrumento (e atinge um certo nível de domínio do mesmo), você passa a apreciar outras vertentes musicais que não a sua preferida, no caso da minha, e provavelmente da sua que está lendo esse texto, o rock n' roll.

Nisso, um outro amigo meu disse que conforme a adolescência vai passando e a chegada da fase adulta, a ecleticidade musical torna-se algo natural.

Para que se procure uma base teórica a fim de que se verifique a autenticidade dessa afirmação, podemos nos limitar ao rock e só depois então ir para outros ritmos.

Quando você tem lá seus quinze ou dezesseis anos e nada mais é do que um rebelde sem causa, você quer ouvir coisas que ratifiquem essa sua revolta. Na verdade, hoje a coisa mudou um pouco de figura, porque hoje esse pessoal sub-16 já não se interessa mais tanto por rock assim.

Na minha época (como se fizesse tanto tempo assim), éramos introduzidos ao rock ou pelo Guns N' Roses, ou pelo Nirvana. Alguns desvirtuados e desgarrados começavam pelo Green Day, mas enfim, ainda assim é melhor do que hoje, que o pessoal tem como host da porta de entrada pro ritmo o Restart.

Depois então, você cresce. Conhece os sons clássicos e deixa de ouvir unica e exclusivamente uma só banda. Na consequência de acabar chegando aos Beatles, Stones, Who, Pink Floyd, Led, Queen e tal, é que começa o processo de ecleticidade musical. Sim, você ainda está preso ao rock, mas já está aceitando sons não tão rápidos, por exemplo.

Percebendo então, que muitos artistas de rock tem coisas absolutamente pop em sua obra, como o próprio Queen, bem como David Bowie que inclusive lançou uma trilogia pop, você acaba abrindo a sua cabeça para outros movimentos musicais. 

E em tempo, quando me refiro ao pop, digo não só pela estética musical da coisa, como uma batida eletrônica, por exemplo, mas também no sentido de popularidade. Os Beatles eram pop. Os Stones eram pop.

London Calling que é um dos álbuns que mais representa o punk-rock, tem boa parte de suas bases fundamentadas no reggae e no jazz. E aí, o Clash se torna pior por isso?

Entrando na fase adulta, você aceita ir para festas que toquem sertanejo, coisa inimaginável na sua adolescência pseudorevoltada, não é verdade? Pois é. As coisas mudam. Você pode até não gostar, mas acaba meio que suportando. 

Mas aí você pergunta: Mas não tem só coisa ruim no sertanejo? Sim e não, se for no sertanejo universitário, sim, se for no estilo de modo geral, não. Aliás, tem muita coisa boa por demais, é só ter boa vontade e saber apreciar.

E pra você que já passou da faixa dos vinte mas se recusa a aceitar essa espécie de evolução, abra a cabeça. Não precisa deixar de gostar do seu estilo favorito, da sua banda favorita, é só abrir espaço para coisas que lhe sejam novas. Existe vida além da trinca guitarra, baixo e bateria, cara.

E com isso, a resposta para a pergunta do título do texto é que a ecleticidade musical não se trata de falta de personalidade, mas sim de um processo natural de evolução que cada um de nós passa, e como já foi dito, quem não passa, deveria.

Um comentário:

  1. É bem verdade isso, cara. Eu não cheguei nos 20, como disse, mas já possuo um olho mais aguçado para músicas, muito disso se deve do meu aprendizado com a guitarra, suponho.

    Nenhum estilo de música é totalmente desprezível, víde que Funk não é um estilo musical.

    Com o tempo tu faz isso mesmo, tu gosta de várias coisas, ouvindo algo novo de alguém tu pode se interessar por algo parecido com aquilo e diferente do antigo e assim a sua ecleticidade se cria mesmo.

    Nunca largarei Guns e Iron, bandas que me introduziram ao rock, graças ao Guitar Hero, devo dizer, mas posso, sem vergonha nenhuma, ou um pouquinho, ouvir as músicas que ninguém conhece, as que realmente são boas, da Lady GaGa.

    Bom post, by the way! =)

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