domingo, 8 de julho de 2012

The Clash - London Calling

No final dos anos 70, o punk era um estilo popular, mas ao mesmo tempo renegado por quem se dizia "entendido" de música. Aliás, tradicionalmente falando, sempre foi assim. O hard rock farofa dos anos 80 também era massacrado, bem como o grunge na década seguinte.

O principal argumento de quem não gostava do gênero, era a falta de criatividade do mesmo, que sempre se resumia em quatro acordes e em alguns casos até o fato de empresários dizerem o que a banda deveria tocar e como ela deveria agir. (ver: Sex Pistols - Never Mind the Bollocks).

Provavelmente pensando nisso, o Clash, que já havia lançado dois discos até então, optou pela liberdade de escrever o que quisesse e tocar suas músicas como bem entendesse.

Partindo disso, nasceu London Calling, um dos discos mais conceituais e fundamentais não só da história do rock n' roll, mas da música de um modo geral.

A associação do disco como algo clássico já começa antes mesmo de se dar o play. A capa, que tem Paul Simonon arremessando seu baixo no chão, faz lembrar a capa do não menos clássico Elvis Presley, de 1956.

Apesar do número expressivo de faixas, dezenove ao total, a banda preferiu fazer o arroz-feijão no trabalho do disco. Apenas três singles, que são a própria London Calling, Clampdown e Train in Vain, que encerra os trabalhos.

Sobre a primeira, apesar de ser um hino do punk, sua levada faz o ouvinte ter uma certeza: O Clash estava anos luz à frente de seu tempo. As guitarras ritmadas em contratempo, o baixo bem marcado e a bateria de certo modo, dançante, fazem remeter a coisas muito posteriores criadas no rock alternativo.

Já a segunda ainda tem um pouco da pegada da primeira, mas em sua maior parte, traz como base o punk rock, de três acordes mesmo. Embora, a sua parte mais interessante seja o verso inicial, com o baixo em ritmo quase cavalar e a sequência de acorde em uma espécie de fade-out, dando aquele tom clássico de músicas de fins de um tempo.

E quanto a terceira, que fecha o disco, ela traz consigo uma sonoridade mais pop, quase doce, porém, misturados com os vocais propositalmente desafinados, característicos não só do Clash, mas do punk rock de modo geral.

Mas não foi o fato de outras grandes músicas terem sido de certo modo, deixadas de lado, que elas são menos clássicas. Hateful por exemplo, é uma das melhores peças não só desse álbum, mas como de toda a carreira da banda.

Em todo caso, London Calling foi muito além apenas do punk, do rock alternativo e do pop. A banda faz uma espécie de viagem à Jamaica, se aventurando por estilos como o reggae e o ska, como na animadíssima Revolution Rock, que apesar do nome, é um reggae de marca maior, e definitivamente, a melhor do disco. Logo que você começa a ouví-la, é tomado por algo que torna impossível ficar parado. Seu ritmo alegre e sua letra que faz uma espécie de apresentação a essa nova batida.

Em suma, London Calling faz uma expedição por vários estilos, imprimindo vários tipos de sons e levando suas letras muito além da simples sede pelo protesto. Ou seja, como já foi dito anteriormente, é um disco fundamental não só do rock. É fundamental para os apreciadores da boa música.

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